A diferença de libido é um dos temas mais delicados, e menos falados entre casais LGBT.
Quando duas pessoas se amam, mas o ritmo do desejo muda, é natural que surjam dúvidas, frustrações e até medo de perder a conexão.
Já ouvi muitas vezes em consultório perguntas como:
“Será que ele não sente mais atração por mim?”
“Será que eu estou exagerando por querer mais?”
“Será que somos mesmo compatíveis?”
Essas perguntas revelam uma dor silenciosa: a de achar que o desejo deveria ser igual o tempo todo. Mas a verdade é que a libido é viva, muda, e precisa de espaço para respirar.
Por que acontece a diferença de libido em casais LGBT?
A libido é influenciada por fatores físicos, emocionais e contextuais.
Mas, dentro da comunidade LGBT, há um elemento a mais: a pressão de performar.
Muitos homens gays e pessoas LGBT sentem que precisam provar desejo, virilidade e disposição constante. E quando isso não acontece, surge a culpa, ou a sensação de que algo está errado.
Algumas causas comuns dessa diferença incluem:
- Saúde mental: ansiedade, depressão e burnout diminuem o interesse sexual.
 - Estresse e cansaço acumulado: o corpo e a mente precisam descansar para sentir prazer.
 - Traumas e histórico de abuso: experiências negativas podem deixar marcas profundas na sexualidade.
 - Uso de medicamentos: antidepressivos e antirretrovirais, por exemplo, podem alterar a libido.
 - Pressões sociais e internas: o medo de “fracassar” sexualmente é muito real entre homens gays.
 - Fases diferentes da vida ou do relacionamento: o desejo também amadurece, muda de forma e intensidade.
 
Importante lembrar: diferença de libido não é falta de amor — é sinal de que algo precisa ser olhado com mais cuidado.
O que eu vejo em consultório
Aqui na clínica, atendo muitos casais que se amam de verdade, mas se perderam na rotina.
Não é que o desejo tenha desaparecido, ele só está escondido atrás de mágoas, cobranças e silêncios.
O que percebo é que a falta de diálogo sobre o tema costuma ser mais prejudicial que a diferença em si.
Muitos têm medo de falar sobre sexo com o parceiro por vergonha, por achar que vão magoar o outro ou por acreditar que “isso é só uma fase”.
Mas quando o desejo é ignorado, ele se torna um terreno fértil para o afastamento emocional.
Como lidar com a diferença de libido em casais LGBT
A primeira coisa é entender que não existe um padrão ideal.
Cada casal tem seu ritmo, sua linguagem e seu tempo.
O que importa é encontrar uma forma de se reconectar — emocional e fisicamente — de maneira respeitosa.
Aqui vão alguns caminhos que costumo sugerir em terapia:
1. Procure um espaço seguro de escuta
A terapia de casal (ou individual) com profissionais que compreendem a vivência LGBT pode ser transformadora.
Falar sobre o que está acontecendo, sem julgamentos, é o primeiro passo para reconstruir a intimidade.
2. Faça acordos reais, não perfeitos
Nem sempre o casal precisa “igualar” o desejo, mas pode criar formas diferentes de se conectar.
Talvez um queira mais penetração, o outro mais carícias, massagens ou sexo oral.
O segredo está em descobrir novas formas de prazer, juntos.
3. Reconecte-se emocionalmente
O toque sem cobrança, o olhar, o abraço demorado — tudo isso ajuda o corpo a lembrar que o sexo é também afeto e presença, não apenas desempenho.
4. Cuide da saúde física e emocional
Exames hormonais, sono regular e redução do estresse fazem diferença real na libido.
Cuidar da mente e do corpo é cuidar também do desejo.
5. Tire o peso da comparação
Cada relação tem o seu ritmo.
Comparar o próprio desejo com o de outros casais — ou com o que se vê em filmes e redes sociais — só aumenta a distância entre vocês.
Seu desejo merece acolhimento, não julgamento
A diferença de libido não é o fim do relacionamento.
Ela é um convite para olhar o vínculo com mais profundidade e reconstruir o prazer de forma mais consciente e autêntica.
Na Clínica LGBT, oferecemos um espaço seguro, sem tabus, com profissionais especializados em sexualidade e relacionamentos entre homens gays e pessoas LGBT+.
Aqui, cada história é ouvida com respeito, empatia e sigilo.
Se esse tema tem te afetado, não precisa enfrentar sozinho.
Você pode agendar uma conversa inicial e conhecer nossos novos planos de atendimento.
Terapia LGBT online? Tenha apoio especializado.
Cuidar da sua saúde emocional também é cuidar do seu desejo — e do amor que você construiu.
FAQ – Perguntas frequentes sobre diferença de libido em casais LGBT
1. É normal ter mais (ou menos) desejo que o meu parceiro?
Sim. É absolutamente normal. A libido varia conforme o momento de vida, o estado emocional, o estresse e até o clima. O importante é conversar sobre isso, sem culpa.
2. Como saber se o problema é físico ou emocional?
O ideal é investigar os dois aspectos. Exames hormonais podem descartar causas físicas, enquanto a terapia ajuda a identificar bloqueios emocionais ou de comunicação.
3. A terapia realmente pode ajudar?
Sim. Profissionais especializados em sexualidade LGBT entendem as dinâmicas específicas desses relacionamentos e ajudam o casal a se reconectar de forma saudável.
4. O desejo pode voltar depois de um tempo?
Pode, e muitas vezes volta mais forte. Quando a relação é cuidada com afeto e diálogo, o corpo responde naturalmente.
5. O que fazer se eu quiser mais sexo e meu parceiro menos (ou o contrário)?
Negociar sem pressão é o caminho. Encontrem formas de intimidade que agradem aos dois, mesmo que nem sempre envolvam penetração. A conexão emocional é a base do desejo físico.
								
															
											


